Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

sobre a(s) experiência(s)

A nossa civilização vive um momento de, digamos, um liberalismo excessivo, uma overdose de liberalismo. No plano individual, é mais do que sabido que todo mundo e qualquer um faz o que bem entender da própria vida, apenas assumindo o pressuposto básico de que isso é ao mesmo tempo uma prerrogativa individual e de todos. Mas, como a gente às vezes acaba senso mais indivíduo que coletivo, mais solidão que multidão, é bom saber que na hora de cair pode não haver qualquer rede, ou haver, mas frágil, e não sustentar a queda.

Em tempo: estou reencontrando o prazer de ler, o prazer da boa literatura, no romance de Ricardo Piglia, Respiração artificial.

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