Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

lacuna

Neste fim de dia, de rotina, de fechamento do ciclo da semana de trabalho, alguma coisa nova, como uma fronteira, se desenha. Se, como quer Moacyr Scliar neste conto, há uma lacuna entre palavra e vida, isso não precisa ser uma advertência à palavra, mas pode ser um senão à vida. Se não é possível saber onde termina uma e onde começa a outra ― desconfio mesmo que são a mesma coisa ―, a verdade é que se tem pouco com que dar conta da imensidão da vida. Palavras traem. Mas e o silêncio, não seria mais traiçoeiro? 

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