Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

fragilidade

Fragilidade é assim: você entra numa farmácia para comprar uma medicação e, encontrado o remédio, resolve conferir outras coisas, perfumaria lato sensu. Aí se depara com um objeto, uma escova de cabelo com espelho no verso, que você ganhou, menina, quando fez sete anos, de seu pai. Pai, espelho, verso. Espelho, verso, pai. Sem remédio. Quem sabe porque eu passei boa parte da vida no verso do espelho. Meu feminino dilacerado pela dúvida.

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