Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 8 de setembro de 2013

noite

“Como a noite pode se fazer presente. Feita só de si mesma, é absoluta, cada espaço é seu, impõe-se com sua mera presença, com a mesma presença do fantasma que você sabe estar bem na sua frente, mas está por todo lado, inclusive às suas costas, e caso se refugie num pequeno foco de luz ficará prisioneiro, porque ao redor, como num mar que circunda seu pequeno farol, está a insuperável presença da noite.” (Antonio Tabucchi. O tempo envelhece depressa.Trad. Nilson Moulin. São Paulo: Cosac Naify, 2010, p.38-39).

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