Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 29 de abril de 2010

"quem não se arrisca não pode berrar"


"E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi." (Torquato Neto, Os últimos dias de paupéria, 2.ed, 1982, p. 63 - publicado originalmente em 14/09/1971) Título da matéria: "Pessoal intransferível", que compõe um verso do poema mais famoso seu, "Cogito": "eu sou como eu sou/ pronome/ pessoal intransferível/ do homem que iniciei/ na medida do impossível." 

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