Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 7 de novembro de 2010

Dilma Rousseff: o argumento agora é a solidão

O povo da f. de sumpaulo não dá trégua. O argumento agora é a solidão. Incapazes de admitir que terão na presidência uma mulher, continuam a buscar alvos (miras) para sua sibilina venenosa. É o que se propõe o tal do Josias, homem muito ciente de si e de seus arredores, pelo visto. Curioso que jornalistas podem prescindir de dar explicações sobre a própria vida, mesmo quando se envolvem com o poder (todos sabem da história do filho que certo ex-presidente tem com uma jornalista, não por caso atualmente radicada na Europa), mas uma mulher na presidência, se não tiver a vida devassada, não é Brasil, não pode ser uma “democracia”. Segue a pérola do tal:

Primeira-mãe: ‘A verdadeira Dilma Rousseff sou eu’

O Alvorada, palácio que servirá de moradia para Dilma Rousseff a partir de janeiro de 2011, é um monumento de mármore e vidro. Excluindo-se o anexo de serviço de 1.800 m², tem área construída de 7.300 m². Dispõe, por exemplo, de:

Salão de banquetes, biblioteca, cinema, academia de ginástica e até capela ― ambiente que orna com o timbre beato assumido pela nova inquilina.

É espaço demais para uma mulher que, além de viver só, está na bica de descobrir que o pior tipo de solidão é o exercício da Presidência.

Para suavizar o convívio consigo mesma, Dilma levará para o Alvorada uma companhia que dispensa diplomas e concursos públicos: a mãe. Chama-se Dilma Jane, 86 anos. Em conversa com a repórter Maria Lima, apresentou-se: “A verdadeira Dilma Rousseff sou eu, a Dilminha é Dilma Vana”.

“Dilminha nunca me deu trabalho”, diz Dilma, a autêntica. “Toda filha escuta a mãe. Só não escuta mais quando não precisa”. Na década de 70, Dilminha deixou Dilma preocupada:

“As preocupações começaram quando ela foi defender o país contra a ditadura. Eu não sabia de nada. Só fiquei sabendo quando ela foi presa..." "... Nunca falei nem pedi para ela deixar de fazer as coisas dela. Quando descobri, ela estava naquilo. E presa”.

Depois de uma campanha caracterizada mais pela troca de ataques do que pelo intercâmbio de ideias, Dilma diz não guardar mágoa dos rivais de Dilminha: “Mágoa de jeito nenhum! Isso faz mal. Prefiro falar que acabou. Passou. Agora vamos pensar só em coisas boas”.

Só coisas boas?!?!? Pelo jeito, a “verdadeira Dilma” ainda não foi apresentada ao PMDB, ao PT e ao etcétera de aliados que injetam na solidão de Dilminha a convivência diuturna com a emboscada.

Vamos ver como ficarão as emboscadas da imprensa. Pelo visto, elas já começam antes mesmo da nova presidente pisar o Alvorada, a qual, diga-se, já foi apresentada à imprensa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário