Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 7 de novembro de 2010

humores da língua II

Quando Costa e Silva era candidato (!) à Presidência da República, um jornalista lhe perguntou:
― Se houver adversário, o senhor disputa?
― Digo.

Do mesmo personagem conta-se a seguinte anedota: tendo ido aos Estados Unidos quando candidato, no momento do desembarque viu uma faixa em que se lia WELCOME COSTA E SILVA. Vendo-a, parou e, instado a desembarcar, teria dito: “Só se prenderem o Wel”.

Informa Sírio Possenti, fonte das anedotas: “O ex-presidente em questão teve a seu tempo fama de homem simplório (haja eufemismo!).” Haja redundância!

POSSENTI, Sírio. Os humores da língua. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1988, p.74-75.

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