Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Vitor Ramil, délibáb, milongas...



Não conhecia o trabalho de Vitor Ramil, sequer sabia de sua existência. Foi um amigo do sul que me falou dele, ano passado, pela primeira vez. Ontem tive a oportunidade de conferir seu show, lançando o disco Délibáb. Há comentários muito bons sobre o novo trabalho do cantor e compositor gaúcho, em parceria com o excelente músico argentino Carlos Moscardini (como aqui), de forma que posso me dispensar de detalhes para dizer que as canções do novo disco, que na verdade são poemas de Jorge Luis Borges e  João da Cunha Vargas musicados, são lindas. E aí entra o délibáb, palavra de origem húngara que significa algo como ilusão ao sul, miragem. Esse imaginário aparece na melancolia das canções, na voz suave e ao mesmo tempo potente de Vitor Ramil, no violão preciso marcando a cadência dos versos e da voz. 

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