Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

após o cinema: vista do mar

Como estava na orla de Botafogo, resolvi tomar o ônibus por lá mesmo, uma linha que faz um percurso interessante, porém mais longo, vindo pela orla. Então passou-se por Copacabana, o circo do réveillon sendo armado, praia lotada, aspecto de confusão e sensação de estar na parte do Rio de Janeiro com a qual a prefeitura efetivamente se ocupa: para inglês, francês, europeu, americano, argentino e a rede globo ver. Depois Ipanema, também bastante gente. Voltas e voltas, o Elevado do Joá, finalmente o ônibus sai na Barra, pegando a orla novamente. Aí sim: mar verde-azulado, ou azul-esverdeado, a perder de vista, lindo, aspecto um tanto selvagem, fim de tarde, pouca gente, e muito mar. O melhor mar do Rio de Janeiro não está no cartão postal. 

[imagem obtida aqui]

Nenhum comentário:

Postar um comentário