Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 13 de agosto de 2011

cosmologia: uma paixão

“A cosmologia moderna nos tornou humildes. Somos feitos de prótons, nêutrons e elétrons, que juntos perfazem apenas 4,5% do Universo, e existimos apenas por causa da sutil conexão entre o muito pequeno e o muito grande. Eventos conduzidos por leis microscópicas da física permitiram que a matéria dominasse a antimatéria, geraram a granulosidade que se tornou a semente das galáxias, preencheram o espaço com as partículas da matéria escura que possibilitaram a infraestrutura gravitacional e garantiram que a matéria escura pudesse construir as galáxias antes que a energia escura se tornasse importante e a expansão começasse a acelerar. Ao mesmo tempo, a cosmologia, por sua natureza, é arrogante. A ideia de que podemos entender algo tão vasto em tempo e espaço como é o nosso universo, por melhor que possa parecer, é absurda. Essa estranha mistura de arrogância e humildade nos levou, no século passado, a avançar nosso entendimento do Universo presente e sua origem.”

Michel Turner, A origem do Universo, SCIAM, edição especial nº 41, p.13. 

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