Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 19 de novembro de 2011

e. e. cummings

da mentira do não
a verdade do sim
(só ela mesma e quem
é ilimitadamente)

para que um tolo entenda
(como triste eu)que nem
mil meandros da mente
valem uma violeta


out of the lie of no
rises a truth of yes
(only herself and who
illimitably is)

making fools understand
(like wintry me)that not
all matterings of mind
equal one violet

e. e. cummings. Poem(a)s. 2.ed. Trad. Augusto de Campos. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2011.

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