Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

não coincide...

No entrecruzar das imagens que consigo me lembrar desta noite, havia uma tentativa de fotografar, mas as imagens não coincidiam com a intenção: eu mirava uma coisa e fotografava outra. Era muito discrepante, como se houvesse um erro na hora de fotografar. Quem estava por perto, a ser fotografado junto com ouras pessoas (estranhas?) ― como naquelas fotografias antigas, em que cada um ocupava um lugar um tanto rígido, no caso do sonho como se cada um tivesse sendo fotografado isoladamente ―, quem estava junto era alguém dúbio, para dizer o mínimo, o que só agrega desconfiança à discrepância entre a intenção e as imagens. Depois pareceu que o problema era meu, que eu é que não estava sabendo usar a câmera. Pode ser. O cenário era-me bem familiar: os arredores da casa em que nasci, que já havia aparecido no sonho da noite anterior, sonho pra lá de Marrakech. Desta noite ficou a discrepância entre o olhar e o que é devolvido através dele. 

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