Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Emily Dickinson: "A Fala é um sinal de afeto / E outro o Silêncio"

A Fala é um sinal de Afeto
E outro o Silêncio
A arte da comunicação perfeita
Ninguém possui

Existe e lá no íntimo se prova
A sua evidência ―
O Apóstolo disse “Vejam” ―
Porém não viu!


Speech is one symptom of Affection
And Silence one ―
The perfectest communication
Is heard of none ―

Exists and its indorsement
Is had within ―
Behold, said the Apostle,
Yet had not seen!

DICKINSON, Emily. Alguns poemas. Trad. José Lira. São Paulo: Iluminuras, 2008, p. 80-81.

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