Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Kleiton & Kledir: Vira Virou


Composição de Kleiton Ramil, indiscutivelmente melhor na interpretação que Kledir, que parece atravessar em sua falta de suavidade (ou sintonia), além de trocar portos por postos, à moda de uma embalagem modernosa. De todo modo, esta é uma bela canção com sotaque de navegação. Tem o mar no coração. Sabe que no outono, mesmo onde não há outono, as folhas caem, levando consigo as uvas que a raposa desprezou. 

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