Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 31 de julho de 2011

Como exprimir a beleza? William Carlos Williams

O alfabeto das
árvores

vai desmaiando na
canção das folhas

Versos iniciais do poema “The botticellian trees”, na tradução de José Paulo Paes. No original:

The alphabet of
the trees

is fading in the
song of the leaves

A música da natureza, não importa qual seja e como cada um consegue ouvi-la, admiravelmente expressa como o alfabeto ― linguagem ― das árvores. A canção das folhas: 

No estio a canção 
canta-se por si

acima das palavras surdas ―

William Carlos Williams. Poemas. Trad. José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p.98-101. O poema integral pode ser lido AQUI.

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