Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

as palavras que salvam

Alguma coisa como perceber as trilhas que a vida... qual foi verbo? Fazer? Abrir? Construir? O tempo verbal? As trilhas que a vida vai construindo, por exemplo. Tenho que me contentar com a lembrança da frase, no sentido da expressão, pela linguagem, de alguma coisa que ficou ecoando. Há muito tatear no percurso ― e no discurso. Perceber a vida como agente ― de quê? Naturalmente não é tão simples assim, foi apenas uma frase elementar para dar formulação a divagações complexas, e afinal me pergunto se é simples pensar a vida como agente ― mas enquanto a vida se faz, o contorno de um destino vai se delineando, e esse destino se vê agente de suas escolhas, aquelas possíveis. O resíduo do dia pode ser, por exemplo, poder dizer: há um lado em mim que não aceita ser governado. 

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