Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 19 de agosto de 2012

«Cheguei a Lisboa, mas não a uma conclusão»

Este post deu-me, por pura necessidade de começar de algum lugar,  o ensejo de perfilar palavras que me inquietam há cerca de dois dias. Trata-se de uma intuição em aparência simples: é sexta-feira e estou voltando, já no final do dia, para casa, vindo do dentista. Estou descendo a Grajaú-Jacarepaguá. O motorista é rápido. É quando percebo que o horário e o contexto receitariam o percurso inverso, já que estou dando as costas aos inúmeros e cheios de apelo signos culturais da cidade, anunciados com bastante eloquência na primeira edição do telejornal, para tão somente vir (ou voltar) para casa, à qual finalmente, e convicta, chego, o que não implica qualquer conclusão. 

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