Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 4 de setembro de 2010

se eu seria personagem

Por caminhos bem curiosos, escolhi essas três palavrinhas — magra, alta, lida — para sumariamente me apresentar neste espaço, já que tenho tanta dificuldade de falar de mim, do que em mim se abriga. Há uma quebra de expectativa no paralelismo semântico, que os meus alunos traduzem mais ou menos assim: "professora, eu achei estranho, pensei que a senhora tivesse errado..." 

CITAÇÃO: “Note-se e medite-se. Para mim mesmo, sou anônimo; o mais fundo de meus pensamentos não entende minhas palavras: só sabemos de nós mesmos com muita confusão.” [ROSA, João Guimarães. "Se eu seria personagem." Tutaméia: terceiras estórias. 8. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 199].

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