Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Sérgio Sampaio


Sérgio Sampaio é uma figura meio mítica em Cachoeiro de Itapemirim ― uma espécie de anti-Roberto Carlos. Sei pouco dele, quase nada, mas ouvi relatos curiosos, de moradores de outra geração, dando conta do bulício que se criava na cidade quando ele resolvia aparecer, com seu jeitão hippie, visual colorido, bolsa a tiracolo. Por curioso que pareça, o melhor de Sérgio Sampaio fui descobrir quando já morava em Vitória e estudava na UFES. Certa sexta-feira, os professores da Letras resolveram promover um depatepapo (assim se chamava o evento) sobre Sérgio ― e era uma sexta-feira de Vital (o carnaval fora de época de Vitória). Pois o auditório simplesmente lotou, os professores fizeram falas interessantes, algumas memoráveis, tocou-se música, foi passado o vídeo Cachoeiro em Três Tons, sobre os Sampaios ilustres  link do youtube aquiFicou-me em particular a fala do prof. Jorge Luiz Nascimento, relatando dois encontros com o cantor e compositor, um deles pouco antes de sua morte precoce. Aqui algumas informações sobre Sérgio Sampaio, no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira (link aqui). Dia desses, numa roda, alguém saiu-se com uma piada assaz curiosa, acerca das três utilidades do estado do Espírito Santo: ser a terra do Roberto Carlos; separar o Rio da Bahia (para que a coisa não vire um carnaval só); e uma terceira tão nonsense quanto as outras, mas que em absoluto consigo me recordar no momento. Aí então lembrei de uma quarta, ser a terra do Rubem Braga, com o que o grupo imediatamente assentiu, e já agora se tem aqui uma quinta, terra de Sérgio e de Raul Sampaio. Mas o que eu queria mesmo era lembrar da terceira... E, nesta primavera, se der, "botar meu bloco na rua", nem que isso signifique terminar uma tese, sobre outro Sérgio, que também andou rondando Cachoeiro, embora não fosse de lá ― uma sexta função para minha ilustre e pacata terrinha, estado de espírito (santo) chamada?

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