“O modo súbito do ponto cair no i, essa maneira de caber inteiramente no que existia e de tudo ficar tão nitidamente aquilo mesmo ― era intolerável. [...] Deles alguns conhecidos disseram, depois que tudo sucedeu: eram boa gente. E nada mais havia a dizer, pois que o eram. Nada mais havia a dizer. Faltava-lhes o peso de um erro grave, que tantas vezes é o que abre por acaso uma porta. Alguma vez eles tinham levado muito a sério alguma coisa. Eles eram obedientes. Também não apenas por submissão: como num soneto, era obediência por amor à simetria. A simetria lhes era a arte possível.”
LISPECTOR, Clarice. Os obedientes. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p.85-86.
Nenhum comentário:
Postar um comentário