Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

qualquer música

Quando a confusão está muito grande, eu ponho Jokerman para tocar, e sintonizo no verso "Fools rush in where angels fear to tread", de longa data. Não me vejo tola, não presumo anjos, apenas pressinto algo de proteção, prudência quem sabe, no contraste das imagens. A melodia bonita, a voz esganiçada do Dylan, a gaitinha compondo o conjunto encarregam-se do restante. Música acalma, qualquer música, como quer o belo poema de Fernando Pessoa, qualquer, que me tire da alma essa incerteza que quer qualquer impossível calma. Música, a possível calma.

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