Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 11 de junho de 2011

proteção

Quase acordando, o último lampejo da noite vem-me na figura de minha mãe. Estou sonhando coisas traiçoeiras, imagens da novela das oito a que não assisto, exceto pelas chamadas das revistas das bancas de jornal, todos traindo todos. Minha mãe entra no quarto do meu sonho e diz que vai fechar a janela, porque está chovendo. Minha mãe estava no quarto momentos antes de eu acordar, na verdade ela veio me acordar. Olho o relógio e são dez horas da manhã. Mas também pode ser assim: numa noite intensa de sonhos que me escaparam quase complemente, estou sonhando com imagens da novela das oito, Marina (Mariana?), Pedro, Léo, ninguém é de ninguém, todos se enganam. Percebo que minha mãe entra no quarto e diz que vai fechar a janela, porque está chovendo. Então acordo, ainda dentro do sonho. Efetivamente acordo e percebo que a janela está fechada e sequer está chovendo, mas minha mãe não está ali. Olho no relógio e já são dez horas da manhã. Finalmente: estou sonhando com personagens da novela das oito, a pior que pode existir, tal seu grau de vilania. As personagens me despertam repúdio, aversão. Então vou aos poucos despertando do sonho com minha mãe entrando no quarto e falando que vai fechar a janela, porque está chovendo. Então acordo, mas ainda estou no sonho e quero continuar dormindo. Mas a entrada da minha mãe no quarto foi ruidosa o suficiente para me acordar de vez. Olho no relógio e me dou conta de muitas coisas. Em tempo: minha mãe não mora comigo, mas se encontra no Rio de Janeiro tratando da saúde, na casa de minha irmã. Hoje à noite virá aqui. Ou voltará.

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