Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 9 de julho de 2011

Emily Dickinson

Conheço vidas cuja ausência
Não me dá Saudade ―
Outras ― um só momento longe delas
Seria a Eternidade ―

Estas um Número pequeno ―
Duas ― não mais ― seriam ―
Aquelas ― um Horizonte de Mosquitos
Facilmente encheriam.


I know lives, I could miss
Without a Misery —
Others — whose instant's wanting —
Would be Eternity —

The last — a scanty Number —
'Twould scarcely fill a Two —
The first — a Gnat's Horizon
Could easily outgrow — 

Emily Dickinson. Alguns poemas. Trad. José Lira. São Paulo: Iluminuras, 2008, p.254-255. Tradutores de Emily Dickinson para a língua portuguesa.

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