Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

um personagem chamado bob dylan

Avanço na leitura da biografia de Bob Dylan. Entrevi de viés a possibilidade de detestá-lo e quase afastei a leitura. Mas rápido outra coisa se insinuou, fisgou a atenção: sua estranha capacidade de se transformar em outro, constantemente, e como isso parece atrelado à fatalidade de alguma coisa que recebe o nome, na falta de termo mais adequado, de destino, sobre o qual Dylan assim se expressa nesta entrevista: “É aquela sensação que temos de conhecer qualquer coisa de nós que ninguém mais conhece e saber que se realizará, é qualquer coisa que tem que se manter no interior porque é frágil e se a tornarmos exterior qualquer um pode matá-la e então é melhor guardá-la no íntimo.” 

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