ALGUM DIA VOCÊ PODERIA? 
Manchei o mapa quotidiano
jogando-lhe a tinta de um frasco 
e mostrei oblíquas num prato 
as maçãs do rosto do oceano. 
Nas escamas de um peixe de estanho 
li lábios novos chamando. 
E você? Poderia
algum dia 
por seu turno tocar um noturno 
louco na flauta dos esgotos? 
1913
Maiakóvski: poemas.
Trad. Boris Shnaiderman, Augusto de Campos e Haroldo de Campos. 8.ed. São
Paulo: Perspectiva, 2011, p.66. Tradução deste poema: Haroldo de Campos.
 
 
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