Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

terceiras estórias

Muito se pergunta por que Guimarães Rosa não escreveu as segundas estórias, indo direto das primeiras para as terceiras estórias... É que ele quis se colocar além  ou aquém, não importa  da dicotomia, da velha história do bem versus mal etc. Um autor que projetou a terceira margem do rio não sucumbiria à tentação do maniqueísmo que, é sabido, tem movido a História, ensejando histórias que alimentam o imaginário coletivo. 

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