Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 13 de janeiro de 2013

paladar aguçado

A contingência lança-me na cara imagens violentas, grotescas, cruéis, por vezes gratuitamente cruéis, o que assusta mais. Tomo um pouco de vinho para acompanhar o almoço, que de outra forma seria inviável, e descubro que o vinho age sobre a acidez da vida. Percebo que o anagrama das letras da última oração, age sobre a acidez da vida, é quase agridoce.

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