Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 5 de dezembro de 2010

chuva...

Cai espessa chuva lá fora, com direito a raios e trovões. Depois do mar, a chuva é o que mais amo na natureza. Chuva de fim de domingo, lavando-me o cansaço de pensar, o cansaço de escrever, levando-me todos os cansaços. A chuva tem uma estranha potência: como o mar, ela é água, água em movimento, natureza em vibração, e talvez seja isso que tanto me agrade: a música da natureza fazendo-se audível na água que cai. Isso me lembra um poema de Rilke que li hoje, e que vai no próximo post. Pois tudo o que eu disser não vai exprimir a beleza que entrevejo na chuva.

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