Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

omelete

Pelas chamadas das revistas, é possível acompanhar o desenrolar das novelas da televisão. As revistas sempre antecipam o que vai acontecer, uma forma de assistir as novelas à distância, mantendo-as à distância. Mas o mais curioso são as chamadas: crimes, mortes, assassinatos, roubos, toda sorte de ardis para se conseguir o que se quer. O tempo todo vilões de quinta categoria, personagens mal construídos, maquinam mal o mal, criando uma estereotipia perigosa. Além do reducionismo que acusa pobreza de imaginação, é interessante observar que o público se alimenta de doses equivalentes de sexo e violência, violência que adentra as casas com o pleno assentimento das pessoas. A pobreza de imaginação é tão grande que, na atual novela das nove, Passione, uma das vilãs se chama Clara e sua principal oponente, Gemma. As mesmas pessoas, depois, vão reclamar do excesso de violência das ruas.

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