Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


segunda-feira, 18 de julho de 2011

o real e o simbólico

Há imagens (ou seriam passagens?) da infância, antiquíssimas, que não se sabe se foram sonhadas ou imaginadas ou de fato vividas: encontram-se na vaga nebulosa do despertar para o mundo, aquela indefinição que configura a própria entrada no simbólico, para falar com a psicanálise. Mas a força delas é tal que podem decidir para sempre o que uma pessoa entende como amor, por exemplo. E sempre precisam de moldura.

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