Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


terça-feira, 31 de maio de 2011

uma amiga me diz...

Que pretensão querer escolher o que meus olhos vão chamar de belo... De outro modo: querer dizer o que o meu olhar vai eleger como bonito. Sempre esta amiga a surpreender com seu olhar. Há interlocuções que descortinam. Enquanto escrevo isso, vislumbro, em rápido relance, uma imagem do que sonhei esta noite, mas a imagem foge tão rápida quanto veio, chamada pelo verbo descortinar. Quero ver o que não vejo, e às vezes não ver o que deveras vejo, minha luta é com meu olhar. Talvez a de todos seja, mas travestida com outros nomes. Meu olhar me trouxe até aqui, até este lugar, o lugar físico lato sensu, e o blog, lugar de enunciação, em tese virtual. Meu olhar teve professores de todo tipo, e a luta diária é erigir um olhar que seja uma escolha, não uma doutrinação.

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