Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 2 de junho de 2011

Emily Dickinson: a dicção da linguagem

Emily Dickinson propõe:

A Word is dead
When it is said,
Some say.
I say it just
Begins to live
That day.

Fazendo um trocadilho com Dickinson, é a própria dicção da linguagem que está posta em cena. A linguagem cria: dizer algo é fazer viver o que está sendo dito, é instaurar mundos. Qualquer inocência em relação à gratuidade das palavras vai-se nesta perspectiva. Aqui uma tradução de José Lira para o poema de Emily Dickinson.

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