Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

profissões

Eu poderia ter me tornado médico
advogado
psicólogo
biólogo.
Havia ― sempre houve ― muitas oportunidades para
animador de auditório,
profissão difusa que se exerce somando à palavra talento
o vasto campo coberto pela palavra carisma,
escondendo sob o tapete
o fantasma da palavra desemprego.
Também a poesia não quis saber de mim.
Restei literato amador, pouquíssimos amigos
e nenhuma filosofia de vida. 

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