Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quarta-feira, 15 de junho de 2011

meu coração vagabundo quer guardar o mundo em mim


Ano passado tive um encontro mágico com Caetano Veloso, totalmente por acaso, num sábado à noite no CCBB enquanto aguardava com uma amiga o teatro. Foi um encontro lindo, para falar como ele. Na hora, só conseguir dizer-lhe que fazíamos aniversário juntos, no mesmo dia e mês. Foi um dos meus começos no Rio de Janeiro, um bom começo. Hoje, se o encontrasse de novo e tivesse o mesmo desprendimento de então, diria-lhe que ele compôs "Coração Vagabundo" para mim, tal a perfeição com que essa singela música traduz o que em mim se expressa com tanta hesitação e reticência. 

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