Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sexta-feira, 24 de junho de 2011

Renato Russo

Afastei-me bastante de letras de música. Mas Renato Russo resiste. Era sofisticado. Um dia, comentando acerca com um amigo, na confusão típica das conversas que tínhamos, ele disse que gostava deste verso, "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã", o sentido era bíblico. E é. Na mesma exatidão com que sou incapaz desse tipo de amor, amar como se não houvesse amanhã. Pelo menos até onde sei. Não alcancei tanto desprendimento.

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