Tratando especificamente de Charles Baudelaire, Antonio Candido situa o espectro da influência que sua poesia teve entre os poetas brasileiros: “Já se tem escrito que o momento culminante da influência de Baudelaire no Brasil foi o Simbolismo, no decênio de 1890 e primeiros anos do seguinte. Momento fin-de-siècle, rosa-cruz e floral, que viu nele sobretudo a arte-pela-arte, o visionário sensível ao mistério das correspondências e o filósofo, autor de poemas sentenciosos marcados pelo desencanto. Logo a seguir os últimos poetas de cunho simbolista [...] o aproximaram perigosamente das elegâncias decadentes de Wilde e D’Annunzio. Os parnasianos, que vinham dos anos de 1880, também o admiravam, mas nunca o imitaram nem cultivaram tanto, salvo alguns secundários como Venceslau de Queirós e sobretudo Batista Cepelos. E caberia a um heterodoxo, Augusto dos Anjos, levar ao extremo certas componentes de amargura, senso de decomposição e castigo da carne, que se consideravam originárias dele, coadas através de Antero de Quental e Cruz e Souza. Depois do Modernismo não se pode mais falar em influência, mas apenas da presença normal de um grande poeta na sensibilidade dos escritores e leitores.”
CANDIDO, Antonio. Os primeiros baudelairianos. In: ___. A educação pela noite. 5. ed. revista pelo autor. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006, p. 27.
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