“Só o amor em linhas gerais infunde simpatia e sentido à história,
sobre cujo fim vogam inexatidões, convindo se componham; o amor e seu milhão de
significados. Assim, quando primeiro do mesmo se tem notícia, viajava o
protagonista, de trem, para Sete-Lagoas. Ele queria conversar com uma mulher
[...] queria entender o avesso do passado entre ambos, estudadamente, metia-se
nessa música, imagem rendada; o que a música diz é a impossibilidade de haver
mundo, coisas. ― Inútil... a lucidez ― está-se sempre no
caso da tartaruga e Aquiles. [...] Estava sem óculos; não refabulava. Era o
homem ― o ser ridente e ridículo ― sendo o absurdo o espelho em que a
imagem da gente se destrói. [...] De dia, de fato, tiveram de romper a porta,
havido alvoroço. Na cama jazendo imorais os corpos, os dois, à luz fechada
naquele quarto. A morte é uma louca? ― ou o fim de uma fórmula. Mas todos
morrem audazmente ― e é então que começa a não-história.
ROSA, João Guimarães. Tutaméia: terceiras estórias. 8.ed. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p.169-173.
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