Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 28 de outubro de 2010

sic!

De uma entrevista do escritor Raduan Nassar, lida faz bastante tempo, recordo-me uma posição corajosa. Ele, ao questionar a autoridade de certos próceres do modernismo brasileiro, referindo-se à academia como o "clero literário", falava algo mais ou menos assim: que os professores, em vez de ficarem impingindo carradas de teoria aos alunos, deveriam ensinar-lhes a pensar com a própria cabeça, supondo que estes mesmos professores fossem capazes de fazê-lo... O que pode ser, hoje, ainda conseguir pensar com a própria cabeça? 

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