Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 9 de outubro de 2010

Emily Dickinson: "Whether my bark went down at sea..."

Se ao mar se foi meu barco
Se enfrentou as procelas ―
Se em busca de ilhas encantadas
Abriu as dóceis velas ―

Em que místico porto
Está seguro agora ―
Esta a missão que têm os olhos
Pela Baía afora.


Whether my bark went down at sea ―
Whether she met with gales ―
Whether to isles enchanted
She bent her docile sails ―

By what mystic mooring
She is held today ―
This is the errand of the eye
Out upon the Bay.

DICKINSON, Emily. Alguns poemas. Trad. José Lira. São Paulo: Iluminuras, 2008, p. 106-107.

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