POESIA ― Era um poeminha antigo de João Alphonsus:
O diabo é que a vida
Nem sempre, porém...
Toada da onda
Que vai e que vem
Da onda daonde?
Até nem sei bem...
Ora bolas! Da onda
Que vai e que vem.
O rapaz leu e achou engraçado: “como é que um sujeito pode fazer um poema sem dizer nada, mas nada mesmo?”
Eu fiquei calado.
Ficava difícil explicar que o poeta dissera muita coisa, que a vida é assim mesmo, que a vida tem essa toada da onda... Da onda daonde?
BRAGA, Rubem. Recado de primavera. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 2008, p.50.
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