Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 26 de junho de 2011

The Times They Are A-Changin


Não é que esta versão ao piano me transporte, por exemplo, até uma igreja. Seria pouco, e eu me sentiria desconfortável. Ela me transporta até o sagrado, não aquele dos píncaros e deuses, que afinal talvez nem exista (as moedas de Borges...), mas o sagrado que reconheço em mim, e que afinal é a fonte de outras formas do sagrado (para mim, acrescentando), como meu amor sem limites pela palavra. Um detalhe: a moldura da execução da canção ao piano, a famosa capa dos Beatles, é duplicada pelos próprios quadros emoldurados na parede.

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